Conte uma História

A música no Contexto Social – Grandes Intérpretes, Elis Regina

Por 27 de julho de 2015 Sem Comentários

Universidade Aberta para a Terceira Idade
A música no Contexto Social  – Grandes Intérpretes
Profa. Anna Glória Nogueira Santos

Elis Regina Carvalho da Costa nasceu em Porto Alegre em 17/03/1945, filha de Romeu e Idalina Costa. Fez o primário no grupo escolar Gonçalves Dias e o ginásio no Instituto de Educação General Flores da Cunha. Aos 11 anos, para satisfazer um desejo de sua avó, apresentou-se na Rádio Farroupilha, de Porto Alegre, cantando no Clube do Guri. Em 1959 foi contratada como cantora pela Rádio Gaúcha. No ano seguinte foi para o Rio e após algumas apresentações na televisão, em 1961, gravou “Viva a Brotolândia”, LP da Continental, em que interpreta calypsos e rocks, regressando depois para Porto Alegre.
Em 1962, esteve duas vezes no Rio de Janeiro, para gravar dois discos de boleros na CBS. Em abril de 1964 transferiu-se definitivamente para a capital carioca, onde assinou contrato de 6 meses com a TV Rio. Convidada pelo baterista Dom Um, começou a se apresentar na boate Bottle’s, no Beco das Garrafas, em Copacabana, onde foi ouvida pelo produtor Armando Pittigliani, da Philips, que em outubro a contratou. No final de 1964, esteve em São Paulo, participando de vários shows de Bossa Nova, no Teatro Paramont. Projetou-se nacionalmente como cantora em abril de 1965, quando venceu o I FMPB, da TV Excelsior, de São Paulo, interpretando Arrastão (Edu Lobo/Vinicius de Moraes). Logo depois gravou ao vivo com Jair Rodrigues, durante show produzido por Walter Silva no Teatro Paramont o LP Dois na Bossa. Transformou-se em recordista nacional de vendas. Em maio de 1965, ao lado de Jair Rodrigues, iniciou na TV Record de São Paulo, a apresentação do programa O Fino da Bossa, lançando muitos sucessos.
Em outubro de 1966, interpretou Ensaio Geral de Gilberto Gil, no I FMPB, da TV Record, ficando em 5° lugar. O programa O Fino da Bossa saiu do ar em fins de 1967, e em janeiro do ano seguinte apresentou-se no MIDEM, em Cannes, França, cantando Upa Neguinho (Edu Lobo/Gianfrancesco Guarnieri), um de seus maiores êxitos. Após exibição no Olympia, de Paris, retornou ao Brasil, passando a fazer o programa Elis Studio. Em junho obteve o primeiro lugar na I Bienal do Samba, interpretando Lapinha (Baden Powell/Paulo César Pinheiro). Em 1967, casou-se com Ronaldo Boscoli, com quem teve um filho, João Marcelo. Em 1968 se apresentou na Argentina, França, Holanda, Suíça, Bélgica, Suécia e Inglaterra. Voltando ao Brasil, estreou o show Elis, Mieli e…Boscoli, no Rio de Janeiro. Em 1970 fez uma temporada no Canecão. Em 1972 separou-se de Ronaldo Boscoli. No mesmo ano gravou com Tom Jobim Águas de Março em Los Angeles, Califórnia. Em 1975 apresentou-se no show Falso Brilhante. Em 1977 no show Transversal do Tempo, gravando música de Milton Nascimento, seu grande amigo. Seu grande sucesso de 1979 foi O Bêbado e a Equilibrista (João Bosco/Aldir Blanc), apresentando-se a seguir no Festival de Jazz de Montreux. Casou-se, então com César Camargo Mariano, seu pianista e arranjador. Tiveram dois filhos, Pedro e Maria Rita. Separaram-se em 1980 e em dezembro de 1981, Elis decidiu casar-se como seu advogado Samuel MacDowell. Pouco mais de um mês depois, no dia 19/01/1982, morreu em São Paulo, em conseqüência de uma mistura de drogas. Em 1985, a jornalista Regina Echeverria publicou o livro Furacão Elis onde descreve com detalhes a vida dessa maravilhosa intérprete, que se viva fosse estaria completando 70 primaveras.

Agora é só ouvir e cantar junto: acompanhe os vídeos e as letras!

Arrastão (Edu Lobo/Vinicius de Moraes)
Ê, tem jangada no mar/ ê, iê, iêi, hoje tem arrastão/ ê, todo mundo pescar/ chega de sombra João/ Jovi, olha o arrastão entrando no mar sem fim/ é meu irmão me traz Yemanjá pra mim/ minha Santa Bárbara/ me abençoai/ quero me casar com Janaína/ eh, puxa bem devagar/ eh, eh, eh já vem vindo o arrastão/ eh, é a Rainha do Mar/ vem, vem na rede João/ pra mim/ valha-me Deus nosso Senhor do Bomfim/ nunca, jamais se viu tanto peixe assim.

Águas de Março (Tom Jobim)
É pau, é pedra, é o fim do caminho/ é um resto de toco, é um pouco sozinho/ é um caco de vidro, é a vida é o sol/ é a noite, é a morte/,é um laço, é o anzol/ é peroba do campo, é o nó da madeira/ Caingá Candeia, é o Matita Pereira/ é madeira de vento, tombo de ribanceira/ é o mistério profundo, é o queira ou não queira/ é o vento ventando, é o fim da ladeira/ é a viga, é o vão, festa da cumeeira/ é a chuva chovendo, é a conversa ribeira/ das águas de março, é o fim da canseira/ é o pé, é o chão, é a marcha estradeira/ passarinho na mão, pedra de atiradeira/ é a ave no céu, é a ave no chão/ é um regato, é uma fonte, é um pedaço de pão/ é o fundo do poço, é o fim do caminho/ no rosto o desgosto, é um pouco sozinho/ ´um estepe, é um prego, é uma conta, ´´e um canto/ é um pingo pingando/ é uma conta, é um ponto/ é um peixe, é um gesto, é uma prata brilhando/ é a luz da manhã, é o tijolo chegando/ é a lenha, é o dia, é o fim da picada/ é a garrafa de cana, o estilhaço na estrada/ é o projeto da casa, é o corpo na cama/ é o carro enguiçado, é a lama, é a lama/ é um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rã/ é um resto de mato, na luz da manhã/ são as águas de março fechando o verão/ é a promessa de vida no teu coração/ é uma cobra, é um pau, é João, é José/ é um espinho na mão ,é um corte no pé/ / são as águas de março fechando o verão/ é a promessa de vida no teu coração/ é pau, é pedra, é o fim do caminho/ é um resto de toco, é um pouco sozinho/ é um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rã/ é um belo horizonte, é a febre terçã.

 

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