Nos idos de 1940 do século XX, aqui na cidade de Santos, o Colégio ”Stella Maris” era dirigido pelas Cônegas de Santo Agostinho.
Entre elas haviam as freiras belgas e as holandesas. Durante a Segunda Grande Guerra Mundial a entrega das cartas e encomendas mandadas a elas pelos parentes do Velho Mundo fica praticamente interrompida.
Em 1945 é finalmente decretada a tão desejada Paz Mundial.
As alunas promovem campanhas de arrecadação de donativos para a o povo da Bélgica e da Holanda. Conseguem caixotes e mais caixotes, sucesso total! Mas de que modo transportar tudo isso para a Europa?
A Base Aérea cede um avião pequeno. A aeronave faz um sobrevoo curto sobre o Atlântico e aterrissa direto na areia da Praia do Boqueirão. É então empurrado da praia até o Colégio, no número 771 da Avenida Conselheiro Nébias.
Trânsito devidamente desviado para outras vias, as pessoas ao longo da avenida assistem ao improvável desfile, tornado possível graças à força do amor ao próximo que supera todas as barreiras. Após quase dois quilômetros de trajeto pela faixa central da avenida o avião chega ao seu destino.
Impossível entrar pelo portão principal, feito para a passagem de automóveis, não de aviões. A solução encontrada e logo realizada foi a retirada das asas e assim, mais magrinho, segue para dentro do terreno da escola o veículo aéreo, momentaneamente transformado em veículo terrestre.
Empurrado através do pátio, manobrado por dentro da Sala Redonda, chega ao grande Salão de Festas, lotado de caixotes e de gente eufórica.
As alunas pequenas, vestidas com suas fantasias de aviador, dançam e cantam em volta do belo, ainda que desasado, avião.