“TIPOS POPULARES” – contribuição do Divertinauta Sérgio Garcia
As pessoas atentas haverão de notar, em qualquer ajuntamento popular, seja ele pequeno ou imenso, e não importa sua constituição – alunos num colégio, torcedores num estádio, malandros num botequim – que, em determinado momento, o tipo curioso irá se destacar por palavras, gestos ou modo de se trajar, sejam essas atitudes dignas de louvor ou críticas, aplausos ou censuras. Como adoro registrar tais comportamentos quando estou travestido de transeunte, de uns poucos dias para cá, no hábito de me utilizar do transporte público para me deslocar de umas aulas de ginástica para casa, com bastante alegria, tenho me deparado com um cidadão que reúne as características que se enquadram no destaque merecedor da minha atenção.
Motorista de ônibus, da linha 154 da Viação Piracicabana, seu nome é Felipe. O que esse cavalheiro fez para que eu passasse a torcer para que seja ele o motorista a me apanhar no ponto de ônibus na esquina da Rua Joaquim Távora com a Av. Ana Costa?
Ao ingressar naquele coletivo quando o conheci, fui saudado com voz forte num desejo de boa tarde e com o titulo militar de general. Entrando na brincadeira, corrigi-o pedindo que me chamasse de marechal. Hoje entrei no mesmo horário naquele ônibus e fui saudado com o título superior de marechal, tão logo ele me reconheceu.
Após o primeiro encontro, resolvi observá-lo melhor e sentei-me num banco próximo ao seu. A cada parada do veículo os passageiros que entravam eram saudados com um chiste ou um elogio. Nos pontos de descida, quando um grupo maior iria deixar o ônibus, ele se despedia em alto tom para que todos ouvissem, com desejos de saúde, bom fim de dia e augurando a proteção divina a todos.
Meu Deus do céu! Ao se aproximar de alguns pontos, o Felipe aciona a buzina do coletivo com insistência demonstrando a quem quer que seja e aos passageiros que transporta, o quanto ele é feliz e está alegre e teima em dividir com todos esse estado de espírito. Tão diferente da maioria de seus colegas que conduzem tais coletivos, com uma carranca na face, a falta de respeito aos mais velhos e a falta de educação ao se relacionar com jovens e velhos, será que esse abençoado homem tem uma perfeita noção do quanto ele nos faz feliz? Num gesto só ele atinge vários corações, aliviando tristezas e além de nos transportar, transporta também toneladas de felicidade sem precisar fazer o mínimo esforço, deixando tantos espíritos contentes.
Será que seus colegas carrancudos têm noção dessa diferença? Seria muito bom que soubessem e passassem a assim proceder, pois desta forma não só agradariam seus passageiros, mas aliviariam o peso de suas íntimas tristezas!
Nota do Divertidosos – se alguém que ler esse texto encontrar o Felipe, por gentileza compartilhe nossa matéria e tire uma foto com ele, e nos envie para publicarmos… desta forma a homenagem será completa! Parabéns Felipe, a nossa turma precisa muito de gentileza!
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