Universidade Aberta para a Terceira Idade – A Música no Contexto Social – Profa. Anna Glória Nogueira Santos
Toquinho
Antonio Pecci Filho nasceu em São Paulo no dia 6 de julho de 1946. Quando criança, era tratado carinhosamente pela mãe como “meu toquinho de gente”. O apelido materno pegou e, desde essa época, todos o conhecem assim: Toquinho. Violonista, compositor e cantor, conhecido mundialmente. Cresceu no bairro do Bom Retiro, SP e costumava passar grandes temporadas em Santos, no bairro do Boqueirão. Toquinho começou a aprender violão aos doze anos de idade, com Paulinho Nogueira. Mais tarde, foi aluno de Edgard Gianulo, de Oscar Castro Neves, de Léo Peracchi e de Isaias Sávio (violão clássico). Em 1963, tornou-se amigo de Chico Buarque de Hollanda, então um desconhecido aluno de arquitetura. Passavam as noites nas rodas de violão do Sambafo , fazendo algumas músicas juntos. A convite do produtor Walter Silva (Picapáu), em meados da década de 60, Toquinho se apresentava no Teatro Paramount e nas caravanas de artistas que se apresentavam pelo interior de São Paulo. Em 1964 foi para o Rio de Janeiro. Tornou-se amigo de Baden Powell e começou a fazer o acompanhamento de cantores como Silvia Telles, Alaíde costa, Nara Leão e Sérgio Ricardo. Em 1967 foi contratado para atuar no programa ‘Ensaio Geral’, comandado por Gilberto Gil, na TV Excelsior, de São Paulo. Atendendo ao convite de Chico Buarque, em 1969, toquinho foi para a Itália, apresentando-se também com a cantora Josephine Baker. De volta ao Brasil, alguns meses depois, iniciou a parceria com Vinicius de Moraes. Junto com Marilia Medalha, fizeram shows no Teatro Castro Alves, na Bahia, e na Boate La Fusa, em Buenos Aires, Argentina. Também fizeram os Circuitos Universitários, sempre acompanhados de uma cantora, como Clara Nunes, Simone e Maria Creuza. Durante a década de 70, o violonista consolidou a sua parceria com o Poetinha. Lançaram vários sucessos e fizeram diversos shows pelo Brasil. Em 1980, com a morte de Vinicius, Toquinho dá inicio a uma nova fase de sua carreira, colocando o instrumento como complemento do arranjo e não como ponto central da composição. Também inaugurava novas parcerias: Francis Hime e Cacaso. Os anos 80 trouxeram a consagração de Toquinho, com o êxito das músicas Aquarela e Ao Que Vai Chegar, e projetos como Casa de Brinquedos e Canção dos Direitos da Criança, para o qual musicou as letras de Elifas Andreato. Sua parceria mais produtiva foi com Vinicius de Moraes, que durou 11 anos e gerou perto de 100 canções. Gravaram cerca de 30 LPs.
AQUARELA TOQUINHO
Aquarela (Toquinho)
Numa folha qualquer/ eu desenho um sol amarelo/ e com cinco ou seis retas/ é fácil fazer um castelo/ corro o lápis em torno da mão e me dou uma luva/ e se faço chover/ com dois riscos tenho um guarda-chuva/ se um pinguinho de tinta/ cai num pedacinho azul do papel/ num instante imagino/ uma linda gaivota a voar pelo céu/ vai voando, contornando/ a imensa curva Norte e Sul/ vou com ela, viajando/ Havaí, Pequim o Istambul/ pinto um barco a vela/ branco, navegando/ é tanto céu e mar/ num beijo azul/ entre as nuvens vem surgindo/ um lindo avião rosa e grená/ tudo em volta colorindo/ com suas luzes a piscar/ basta imaginar e ele está partindo/ sereno, indo/ e se a gente quiser/ ele vai pousar/ numa folha qualquer/ eu desenho um navio de partida/ com alguns bons amigos/ bebendo de bem com a vida/ de uma América a outra/ eu consigo passar num segundo/ giro um simples compasso e/ num circulo eu faço o mundo/ um menino caminha/ e caminhando chega no muro/ e ali logo em frente/ a esperar pela gente/ o futuro está/ e o futuro é uma aeronave/ que tentamos pilotar/ não tem tempo, nem piedade/ nem tem hora de chegar/ sem pedir licença muda nossa vida/ depois convida a rir ou chorar/ nessa estrada não nos cabe/ conhecer ou ver o que virá/ o fim dela ninguém sabe/ bem ao certo onde vai dar/ vamos todos numa linda passarela/ de uma aquarela que um dia/ enfim, descolorirá/ numa folha qualquer/ eu desenho um sol amarelo/ (que descolorirá) / e com cinco ou seis retas/ é fácil fazer um castelo/ (que descolrirá)/ giro um simples compasso/ e num circulo eu faço/ o mundo (que descolorirá)…
Toquinho e Vinicius – São demais os perigos desta vida
São Demais os Perigos Dessa Vida (Toquinho/Vinicius)
São demais os perigo dessa vida/ pra quem tem paixão/ principalmente/ quando uma lua chega de repente/ e se deixa no céu como esquecida/ e se ao luar que atua desvairado/ vem se unir uma música qualquer/ ai, então, é preciso ter cuidado/ porque deve andar perto uma mulher/ deve andar perto uma mulher/ que é feita de música, luar e sentimento/ e que a vida não quer de tão perfeita/ uma mulher que é como a própria lua/ tão linda que só espalha sofrimento/ tão cheia de pudor que vive nua…
TOQUINHO, VINÍCIUS & TOM JOBIM | Carta ao Tom 74′
Carta ao Tom 74 (Toquinho)
Rua Nascimento Silva 107/ você ensinando pra Elizete/ as canções de Canção do Amor Demais/ lembra que tempo feliz/ ah, que saudade/ Ipanema era só felicidade/ era como o amor doesse em paz/ nossa famosa garota nem sabia/ a que ponto a cidade turvaria/ esse Rio de amor que se perdeu/mesmo a tristeza da gente/ era mais bela/ e além disso se via da janela/ um cantinho de céu e o Redentor/ é, meu amigo. Só resta uma certeza/ é preciso acabar com essa tristeza/ é preciso inventar de novo o amor.
Obrigada pela divulgação do meu trabalho.
Está maravilhoso…
Abraços ao casal.
Anna Glória
Como sempre, somos nós que agradecemos, caríssima Professora! E ficamos no aguardo de novas contribuições. 🙂