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Varíola dos Macacos por Dr. Eduardo Filetti

Por 28 de junho de 2022 Sem Comentários


Quase todos os dias chego cedo para cuidar dos animais internados e iniciar as cirurgias . Sempre gostei de acordar cedo pois acredito que os desafios diários ficam mais fáceis de serem resolvidos. Semana passada após os trabalhos iniciais resolvi tomar um rápido café em padaria nas proximidades.

Uma senhora que comprava pães e se mostrou apaixonada por animais, me confidenciou que está com medo da tal Varíola dos Macacos, pois tem um sitio onde existem vários sagüis em vida livre. Em conversa rápida, eu a aconselhei a não se preocupar com estes lindos pequenos primatas.

Na Universidade muitos acadêmicos querem saber sobre esta doença de origem africana, pois já existem alguns casos diagnosticados em nosso pais.

A varíola dos macacos, assim como a varíola, é um membro do grupo dos ortopoxvírus. Apesar do nome, os primatas não são os reservatórios do vírus da varíola. Embora o reservatório seja desconhecido, existem pesquisas que indicam que os pequenos roedores, como esquilos que vivem nas florestas tropicais da África são os maiores suspeitos.

A doença teve origem na África e ocorre em humanos esporadicamente, e em epidemias ocasionais. A doença é transmitida de animais através de secreções fisiológicas , como gotículas de saliva ou respiratórias e contato com feridas.

A transmissão entre humanos ocorre principalmente por via respiratória.

Os sintomas da varíola do macaco são semelhantes ao da varíola, porém as lesões cutâneas costumam ser mais frequentes na varíola do macaco. O aumento de gânglios ocorre na maioria dos casos da varíola dos macacos e podemos ter infecções pulmonares.F ebre e dores musculares também são sintomas desta virose.

Diferenciar clinicamente as varíolas não é uma tarefa fácil, os exames laboratoriais são muito importantes neste tipo de diagnóstico. Muitos casos estão surgindo em países onde a doença não é endêmica, a maioria na Europa. A Organização Mundial de Saúde (OMS) vem monitorando os casos da chamada prima do vírus da varíola comum.

A varíola dos macacos é considerada uma zoonose (o vírus é transmitido aos seres humanos a partir de animais) e seu período de incubação é aproximadamente de seis a 13 dias, mas pode chegar até 21 dias, segundo pesquisas.

Várias espécies de animais foram identificadas como suscetíveis ao vírus da varíola dos macacos, mas como falamos anteriormente, permanece incerta a história natural do vírus, os possíveis reservatórios e como a sua circulação é mantida na natureza. A ingestão de carnes e outros produtos de origem animal mal cozidas de animais infectados podem ser um possível fator de risco .

A descoberta deste vírus se deu por um laboratório dinamarquês em 1958 . O primeiro caso em humanos ocorreu na República Democrática do Congo em 1970. Existem duas linhagens deste vírus,o da África Ocidental e da Bacia do Congo .

Alguns países africanos onde a varíola dos macacos é considerada endêmica são – Benin, Camarões, República Centro- Africana, República Democrática do Congo, Gabão, Gana, Costa do Marfim, Libéria, Nigéria, República do Congo, Serra Leoa e Sudão do Sul.

O tratamento é para aumentar a resistência do individuo e restabelecer a saúde.

A maioria dos casos evolui para a cura, no inicio dos anos 2000 houve um surto nos Estados Unidos, onde o óbito foi zero , mostrando como uma assistência adequada , diagnóstico precoce e tratamento correto, podem ser o grande diferencial. Em alguns países da África, onde a doença é endêmica, existiram casos mais graves pois muitos pacientes chegavam desnutridos e com diagnóstico tardio. Crianças geralmente causam mais preocupações quando acometidas. Gestantes podem sofrer abortos e ter sintomas mais graves.

A prevenção está em uso de máscaras e lavagem correta das mãos, álcool gel
dever ser utilizado. Evitar carnes de animais silvestres e mal passadas.

As vacinas contra a varíola comum se mostraram eficazes contra a varíola dos
macacos. Não existem vacinas disponíveis no mercado neste momento. Existem
cepas guardadas para serem reproduzidas se for preciso. Pessoas em todo mundo
com idade inferior a 40 e 50 anos não tomam mais vacina, a proteção era
oferecida em programas anteriores de vacinação contra a varíola, estas
campanhas foram descontinuadas.


Eduardo Ribeiro Filetti é médico veterinário e professor universitário

Membro da academia Santista de Letras

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