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A música no Contexto Social – Grandes Intérpretes, Tom Jobim

Por 3 de agosto de 2015 Um Comentário

Universidade Aberta para a Terceira Idade
A música no Contexto Social  – Grandes Intérpretes
Profa. Anna Glória Nogueira Santos

Tom Jobim

Antonio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim, nasceu no Rio de Janeiro (Rua Conde do Bonfim, 634 – Tijuca) no dia 25 de janeiro de 1927, pelas mãos do Dr. Graça Mello, o mesmo que, anos atrás, havia feito o parto de Noel Rosa. Nasceu em casa, após um parto muito difícil, pois pesava 4 quilos e media 60 cm., sendo portanto um bebê magro. Era filho de Nilza Brasileiro de Almeida e de Jorge Jobim. Havia uma grande diferença de idade entre eles e Jorge era um homem possessivo e muito ciumento. Foi poeta, escritor, critico e jornalista. Estas características se repetiram em seu filho Tom. Estiveram casados por 9 anos e Jorge faleceu de um súbito ataque cardíaco.
Tom teve uma irmã, Helena Isaura, que em 1996 escreveu uma biografia com o título “Antonio Carlos Jobim – um homem iluminado”. Após a morte do marido, Nilza casa-se novamente com Celso Pessoa, mudando-se para o bairro de Ipanema, onde Tom passou a sua infância. Cresceu na praia. Nesta época Ipanema era toda areia e pitangueiras. Só havia a “rua do Bonde”, a atual Visconde de Pirajá. Tom ia à escola em Copacabana e voltava de bonde pela praia, vendo o mar, onde logo se iniciaria nas artes da pesca.

Em Ipanema, conheceu duas pessoas muito importantes: Teresa, sua primeira namorada e Newton Mendonça, seu primeiro parceiro. Tom descobriu o piano, quando sua irmã começou a estudar o instrumento em um piano alugado. Tinha 14 anos e aprendeu a tocar de ouvido. Seu padrasto resolveu comprar um piano para ele e lhe arranjou um professor: Hans Joachim Koell-Reuter, um alemão imigrante e maestro. Foram também seus professores Lúcia Branco e Tomas Teran. Apaixonou-se pela obra de Vila-Lobos e tocava todas as suas composições. Queria estudar arquitetura, conforme havia combinado com a turminha da rua.
Teve uma infância e uma adolescência tranquilas: ir à escola, estudar piano, namorar Teresa. Seu primeiro emprego foi num escritório de arquitetura. Logo se desencantou. Nesta época tinha brigado com a namorada e achando que não iam se casar mais,  largou o emprego e decidiu se dedicar somente a música, definindo a sua vida. Adoeceu, ficou muito magro e logo fez as pazes com Teresa, casando-se em condições precárias: foi morar com a família. Depois mudaram-se para um quarto e sala em Copacabana e para viver Tom  começou a tocar em inferninhos. Lutava para poder pagar o aluguel.

Em 1950 foi trabalhar na gravadora Continental, onde conheceu o maestro Radamés Gnatalli, que muito o ajudou. Começou a compor. Seu primeiro parceiro Foi Newton Mendonça. No bar Veloso conheceu Vinicius e juntos fizeram Garota de Ipanema, inspirados pela passagem de Helô Pinheiro, uma maravilhosa morena na ocasião.

Com Teresa, Tom teve dois filhos: Paulo e Elizabeth. Estiveram juntos até 1977 e a separação foi causada pela vida boêmia que Tom levava. No ano seguinte, Tom conheceu Ana Beatriz. Desta união nasceram João Francisco e Luiza, Tom Jobim faleceu no Hospital Mont Sinai (Nova York) no dia 8 de dezembro de 1994, após uma cirurgia para a retirada de um tumor canceroso da bexiga.

“Toda a vez que uma árvore é cortada aqui na terra, eu acredito que ela cresça outra vez em outro lugar – em algum outro mundo. Então quando eu morrer, este é o lugar para onde eu quero ir. Onde as florestas vivam em paz.” (Antonio Carlos Jobim”)

Águas de Março (Tom Jobim)

É pau, é pedra, é o fim do caminho/ é um resto de toco, é um pouco sozinho/ é um caco de vidro, é a vida é o sol/ é a noite, é a morte/ é um laço, é o anzol/ é peroba do campo, é o nó na madeira/ Caingá Candeia, é o Matita Pereira/ é madeira de vento, tombo de ribanceira/ é o mistério profundo, é o queira ou não queira/ é o vento ventando, é o fim da ladeira/ é a viga, é o vão, festa da cumeeira/ é a chuva chovendo, é a conversa ribeira/ das águas de março, é o fim da canseira/ é o pé, é o chão, é a marcha estradeira/ passarinho na mão, pedra de atiradeira/ é a ave no céu, é a ave no chão/ é um regato, é uma fonte, é um pedaço de pão/ é o fundo do poço, é o fim do caminho/ no rosto o desgosto, é um pouco sozinho/ um estepe, é um prego, é uma conta, é um canto/ é um pingo pingando/ é uma conta, é um ponto/ é um peixe, é um gesto, é uma prata brilhando/ é a luz da manhã, é o tijolo chegando/ é a lenha, é o dia, é o fim da picada/ é a garrafa de cana, o estilhaço na estrada/ é o projeto da casa, é o corpo na cama/ é o carro enguiçado, é a lama, é a lama/ é um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rã/ é um resto de mato, na luz da manhã/ são as agias de março fechando o verão/ é a promessa de vida no teu coração/ é uma cobra, é um pau, é João, é José/ é um espinho na mão, é um corte no pé/são as águas de março fechando o verão/ é a promessa de vida no teu coração/ é pau, é pedra, é o fim do caminho/ é um resto de toco, é um pouco sozinho/ é um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rã/ é um belo horizonte, é a febre terçã.

Garota de Ipanema (Tom Jobim/Vinicius de Moraes)

Olha, que coisa mais linda/ mais cheia de graça/ é ela menina/ que vem e que passa/ seu doce balanço/ caminho do mar/ moça do corpo dourado/ do sol de Ipanema/ o seu balançado/ é mais que um poema/ é a coisa mais linda/ que eu já vi passar/ ah, por que estou tão sozinho…/ ah, por que tudo é tão triste…/ ah, a beleza que existe, a beleza que não é só minha/ que também passa sozinha/ ah, se ela soubesse/ que quando ela passa/ o mundo inteirinho/ se enche de graça/ e fica mais lindo/ por causa do amor.

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