Conte uma História

Lições

Por 3 de agosto de 2015 setembro 6th, 2015 Sem Comentários

Meu pai me disse um dia: “- Meu filho, quem fala o que quer, escuta o que não quer”. Estive pensando: se me proponho a escrever alguma coisa, espero que alguém leia, e quem fala também espera que alguém escute, pois, do contrário, o mundo seria um hospício…

Brasília, nossa capital, fez 50 anos em abril de 2010… Lembro-me quando de sua inauguração… Todos os finais de semana, naquela época, eu vestia meu único terno azul-marinho, colocava gravata, e ia encontrar meus amigos em frente ao Cine Metro, na Avenida São João – ali era nosso ponto de encontro para paquerar as meninas. Eu tinha 20 anos, quando, numa tarde de sábado, estávamos num grupo de jovens, e era comum dirigir gracejos às “moçoilas” que passavam.

Nesta mesma tarde, vinha vindo uma linda jovem, carregando um violão nas costas, e eu, metido a galanteador brincalhão, me dirigi a ela, e falei:

“ – Queria ver se fosse um piano!”. Qual não foi minha surpresa, quando ela parou, olhou para mim, e disse: “ – Eu arrumava um burro como você para carregar!”, e foi embora.

Desnecessário dizer que a gozação do grupo foi geral, o que fez com que eu ficasse 15 dias sem aparecer no ponto… Aí, sim, foi que dei valor às sábias palavras de meu pai, e dali para frente, sempre procurei falar o que as pessoas querem ouvir. Agora escrevo histórias, espero que as pessoas queiram ler com alegria e satisfação.

Fotografia por Eliane de Pádua

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